Cone? O futebol brasileiro deveria se desculpar com Fred
Por Lucas Reis, da Redação do Portal Terceiro Tempo
O futebol brasileiro é especialista em detonar a carreira de grandes jogadores. Historicamente, somos craques em colar o selo de "ruim" em atletas de altíssimo nível. Foi assim com Barbosa, goleiro da seleção em 1950. Havia quem chamasse (e ainda chame) Zico de "pé frio" e apontasse que o Galinho só jogava bem quando estava no Maracanã. Até hoje tem gente que minimiza a qualidade de nomes como Thiago Silva e Fernandinho, mesmo com as carreiras tão estabelecidas (e vencedoras) na Europa.
Em um dos exemplos mais recentes, o Brasil (desculpem por generalizar) execrou o atacante Fred. O desempenho ruim na Copa do Mundo de 2014 "transformou" o camisa 9 num perna de pau diante da opinião pública.
Goleador nato, centroavante de muita técnica, finalizador com uma capacidade ímpar, Fred virou (de forma muito cruel) "o cone" após o mundial disputado no Brasil.
Quase sete anos mais tarde, o artilheiro, hoje com 37 anos, mostra o que muitos já sabiam: o Brasil estava errado.
Principal líder do brioso time do Fluminense, Fred segue se mostrando um jogador extraclasse. Em 11 jogos na temporada 2021, o centroavante tem 9 gols marcados e duas assistências. Na brilhante vitória do Flu sobre o River Plate, por 3 a 1, no Monumental de Nuñes, jogo que garantiu o Tricolor das Laranjeiras nas oitavas de final da Libertadores – competição, aliás, em que Fred já soma 4 gols em 6 jogos disputados –, o camisa 9 brilhou e comandou o Flu servindo seus companheiros com dois passes para gol.
Fred é um dos maiores atacantes do futebol brasileiro no século XXI. Talvez o maior camisa 9 do nosso futebol na última década. São mais de 400 gols na carreira. Um pilha de títulos. Ainda assim, há quem o veja como "o cone".
O maldoso apelido surgiu pela pouca efetividade do camisa 9 na Copa do Mundo, onde de fato não foi bem. O que parece óbvio, porém, segue sendo ignorado por muitos cornetas: Fred foi uma vítima do terrível sistema montado por Luiz Felipe Scolari naquela seleção. Um time que "não tinha" meio-campo, que se limitava a esticar bola para Neymar, que trocava poucos passes e que servia seu centroavante apenas com chutões ou cruzamentos na área. A pergunta que fica é: quem no lugar de Fred teria feito melhor papel nesse contexto?
A verdade é que a carreira do centroavante fala por si só. Chamá-lo de "cone" é cair na análise rasa, que sempre procura um culpado para justificar um fracasso coletivo. Mais do que isso: é ignorar toda a qualidade de Fred, que segue mostrando, mesmo com a idade avançada, que tem uma capacidade única de fazer gols e servir seus companheiros.
Fred não é e nunca foi um jogador comum. No final das contas, o futebol brasileiro deveria pedir desculpas ao camisa 9 do Fluminense. Foi mal, Fred.
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