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Milton Neves

Emerson Fittipaldi: não foi ele o melhor dos pilotos brasileiros?

Milton Neves

29/06/2020 04h00

Foto: Marcos Júnior Micheletti / Portal TT

Muito se fala sobre Ayrton Senna e Nelson Piquet, ambos tricampeões mundiais de Fórmula 1.

Pilotos espetaculares, aliás.

A maioria dos brasileiros prefere Senna, mas Piquet tem uma legião de fãs que o descreve como mais completo que Ayrton, um acertador de carros sem igual, inovador e campeão com três motores diferentes na F1 (Ford, BMW e Honda), enquanto Senna foi campeão exclusivamente com motores Honda.

E Emerson Fittipaldi, um bicampeão mundial de F1, aquele que "abriu as portas" para os brasileiros na categoria, acaba sendo deixado em um segundo plano. Ou melhor, em terceiro plano…

Emerson foi campeão de F1 em sua segunda temporada completa, aos 25 anos.

Piquet foi campeão de F1 em sua terceira temporada completa, aos 29 anos.

Senna foi campeão de F1 em sua quinta temporada completa, aos 28 anos.

E, apesar dele ter sido aquele com menos vitórias entre os três (14), contra 41 de Senna e 23 de Piquet, os números de Emerson são muito bons também.

Afinal, dos três, ele foi quem menos competiu na categoria (144 GPs), contra 161 de Senna e 204 de Piquet.

E esses números de Emerson, no fundo, são bem enganosos, pois se ele não tivesse apostado suas fichas na própria equipe, a Copersucar, as estatísticas dele certamente seriam bem melhores.

Caso continuasse na McLaren, em 1976, poderia ter levantado aquele título e chegado ao tricampeonato.

A McLaren trouxe o inglês James Hunt (ex-Hesketh), que naquele ano foi o campeão, derrotando Niki Lauda (Ferrari).

Ou seja, Emerson, tinha pelo menos mais um título "na mão".

E ele era cobiçado por outras equipes fortes da época, entre elas a Ferrari.

No time italiano, Emerson poderia ter substituído Lauda, que deixou a equipe em 1977.

Em 78 ele dificilmente conseguiria bater Mario Andretti e sua poderosa Lotus com efeito solo.

Mas, em 79, o campeão foi o sul-africano Jody Scheckter, justamente pela Ferrari.

Emerson era melhor que Scheckter.

Já pensaram?

Emerson campeão em 1972 pela Lotus, em 74 e 76 pela McLaren e em 79 pela Ferrari?

Claro, são suposições, mas potencial para isso existia!

Então, ao invés de ter ficado "apenas" com dois títulos, poderia ter sido tetracampeão.

Aí, voltamos à realidade…

Ele renasceu esportivamente após as atribulações em sua própria equipe, migrando para o automobilismo norte-americano.

E foi campeão da Indy em 1989, adaptando-se perfeitamente ao carro e aos circuitos ovais.

Por lá, contabilizou 22 vitórias, sendo por duas vezes ganhador das 500 Milhas de Indianápolis (1989 e 1993).

Ou seja, a exemplo do que fez na F1, foi o primeiro dos brasileiros a também abrir caminho para outros conterrâneos na Indy.

E, mais uma vez, com sucesso!

E então?

Será que Emerson Fittipaldi não é subestimado por aqui?

Não terá sido ele, ao invés de Senna ou Piquet, o melhor dos brasileiros no automobilismo?

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Sobre o autor

Milton Neves é jornalista profissional diplomado, publicitário, empresário, apresentador esportivo de rádio e TV, pioneiro em site esportivo no Brasil, 1º âncora esportivo de mídia eletrônica do país, palestrante gratuito de Faculdades e Universidades, escrivão de polícia aposentado em classe especial, pecuarista, cafeicultor e é empresário também no ramo imobiliário.