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Milton Neves

Chega dos anêmicos nomes compostos: os apelidos precisam voltar ao futebol!

Milton Neves

25/06/2020 04h00

"Lá vem Thiago, toca a bola para Felipe. Lindo drible de Felipe que lança Gabriel na área. Gabriel corre para a linha de fundo e cruza para Thiago… É goooooool!".

Ah, dá até um desânimo com a quantidade de nomes anêmicos e comuns que existem no nosso futebol ultimamente, não é mesmo?

O que tem de Thiago Felipe, Gabriel Rodrigo, Lucas Matheus, Guilherme Henrique, Pedro Rafael, Daniel Eduardo e por aí…

E pensar que o nosso esporte bretão já contou com apelidos épicos como Garrincha, Pelé, Feitiço, Mão de Onça, Maritaca, Aírton Pavilhão, Vampeta, Zico, Tostão, Careca, Valdemar Carabina, Cesar Maluco, entre tantos e tantos outros…

(Por falar em Pelé, relembre no vídeo abaixo o milésimo gol do Rei do Futebol, em 1969, no Maracanã)

E no interior, então?

Só na minha Muzambinho nós tínhamos Ivan Surdão, Paulo Pingaiada, Cavadeira, Ruy Cabeludo, Paulinho do Hotel, Fominha, Mirtinho "Chupa Dedo", Carlinho "Boca de Véia", Zé Sprita, Zé Pequeno…

O jogador de hoje precisa aprender que o nome-marca dele é a gravata borboleta de seu smoking e seu cartão de visita.

Os atuais Gabriéis, Felipes, Emersons e Tiagos, aos milhares, não facilitam a comunicação e a fixação de seus nomes de guerra.

Não precisamos voltar ao exagero dos pífios nomes Geraldo II, Toninho II ou Serginho II.

Mas esses nomes duplos dos Gabriéis, Emersons, Felipes e Tiagos de hoje confundem a identificação até de narradores.

Exatamente por isso que os apelidos, cada vez menos presentes nas escalações de nossos times, precisam voltar ao futebol.

Por impossível, infelizmente, nada de Garrincha, Didi, Pelé, Zico, Dida, Quarentinha, Coutinho, Pepe, Luis Chevrolet, Leivinha ou Toninho Guerreiro, aquele que sabiamente não aceitou ser chamado de Toninho II quando chegou no São Paulo no fim de 1969.

Nome é importante, moçada, e vocês vão evitar o que ocorre hoje e que acontecerá amanhã: "Tiago o quê?", "Emerson, qual Emerson?", "de que Gabriel você está falando?" ou "esse é qual dos Felipes mesmo?".

Prefiro Dino Furacão, Dionísio Bode Atômico, Paulo Choco, Ademir Titica, Flávio Caça-Rato, Dadá Maravilha, Tostão…

E que os técnicos também entendam isso, pois muitos gostam de "podar" os apelidos de jovens atletas, aconselhando que os mesmos prefiram seus nomes de batismo, geralmente compostos e anêmicos.

Em uma dessas, Carpegiani quase transformou o simpático e bom de bola Dentinho em Bruno Bonfim.

Assim como queriam transformar o bom zagueiro santista Robson Bambu em… Robson Alves!

Seria um pecado, não é mesmo?

E, por falar em apelidos, qual o mais marcante ou engraçado da história do futebol para você?

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Sobre o autor

Milton Neves é jornalista profissional diplomado, publicitário, empresário, apresentador esportivo de rádio e TV, pioneiro em site esportivo no Brasil, 1º âncora esportivo de mídia eletrônica do país, palestrante gratuito de Faculdades e Universidades, escrivão de polícia aposentado em classe especial, pecuarista, cafeicultor e é empresário também no ramo imobiliário.