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Milton Neves

Veja os meus 23 convocados para a 'Copa do Mundo do Talento Prejudicado'

Milton Neves

17/06/2020 04h00

Na maioria dos esportes, o atleta precisa da combinação de três fatores para aproveitar 100% do talento que Deus lhe deu: sorte, comprometimento em seu trabalho e vida pessoal sem excessos.

E no nosso mundinho do futebol são raros os exemplos dos jogadores que tiveram uma carreira exemplar, sem altos em baixos, do início, lá nos juvenis, até o momento de pendurar as chuteiras.

É claro que o exemplo mais óbvio desse modelo de atleta é Pelé, que, desde jovenzinho, parece ter entendido muito bem o tamanho do seu dom e não quis desperdiçar sequer um pouquinho.

E contou com muita sorte também, é claro, já que, apesar de ter perdido as Copas de 1962 e de 1966 por lesões, jamais passou por longo período afastado dos gramados.

Mas a lista dos jogadores que passaram longe de aproveitar seus talentos em 100%, seja por falta de sorte, por falta de comprometimento ou por vícios, é enorme.

E hoje eu decidi fazer uma "convocação" com 23 grandes craques para a "Copa do Mundo do Talento Prejudicado".

Uma pena, mas esses craques que citarei sequência foram ótimos, mas poderiam ter ido muito mais longe no futebol.

Vamos lá?

Goleiros:

Dasayev

Dasaev revela confidência de Telê:

O lendário goleiro Dasayev, da União Soviética, encerrou a sua carreira com apenas 34 anos. Muito jovem, tendo em vista que os arqueiros costumam pendurar as luvas beirando os 40 anos. Infelizmente, quando foi para o futebol espanhol, onde defendeu o Sevilla, Dasayev se afundou no alcoolismo.

Manga

Manga é o goleiro mais emblemático da história do futebol. Mas, muito ingênuo, poderia ter feito melhores contratos em sua carreira, que lhe renderiam mais anos de sucesso e, consequentemente, mais dinheiro para a sua aposentadoria (hoje mais confortável graças ao apoio do "Retiro dos Artistas").

Laterais:

Marinho Chagas

Marinho, o melhor lateral-esquerdo que eu vi, encerrou a sua carreira "para valer" mesmo em 1983, aos 31 anos, ao deixar o São Paulo. Ainda jogou, é verdade, pelo Bangu, pelo Fortaleza e pelo América de Natal. Mas, por causa da bebida, o seu corpo, infelizmente, já não aguentava mais todos os piques que um lateral precisa dar durante um jogo.

Perivaldo

Perivaldo também parou muito jovem, aos 33 anos. Outro grande jogador que o futebol brasileiro perdeu para o vício em bebidas.

Zagueiros:

Calvet

Calvet, nosso quarto-zagueiro número 1 – Santos Futebol Clube

O gaúcho que integrou o maior time do mundo de todos os tempos pendurou as chuteiras com apenas 30 anos, após seguidas lesões no tendão de Aquiles. Poderia ter ido muito, mas muito mais longe…

Procópio

Choque com Pelé: o lance que custou cinco anos da carreira de Procópio

Procópio Cardoso Neto jogou até os 35, mas perdeu cinco anos de sua carreira por causa de lesão no tensão do joelho, que aconteceu após choque com Pelé em um duelo contra o Santos, em 1968. Procópio vivia a melhor fase de sua carreira, com expectativa de se firmar como titular da seleção.

Meias:

Ronaldinho Gaúcho

Se tivesse aproveitado 100% de seu talento, Ronaldinho poderia ter sido o jogador mais próximo de Pelé. Ele, no entanto, por mais que gostasse da noite e de uma cevejinha, foi duramente atrapalhado pela sua falta de interesse. Parecia que jogar em alto nível já não era um desafio. Por isso, perdeu espaço na Europa e, aqui no Brasil, mesmo sem estar 100% focado, foi fundamental no título da Libertadores do Atlético-MG, em 2013.

Maradona

Um pecado! Ah, se Maradona tivesse o comprometimento e o juízo de Pelé… Bom, e se mesmo com uma carreira tão conturbada Maradona já é tratado como um Deus pelos argentinos, vocês já imaginaram se ele fosse 100% focado? Seria hoje o dono do país vizinho (risos).

Platini

Michel Platini pegou o mundo de surpresa ao anunciar, em 1987, com apenas 32 anos, a sua aposentadoria do futebol. Ele não vivia o melhor momento de sua carreira, é claro. Mas tinha ainda muita lenha para queimar na Juventus e na seleção francesa. Uma pena…

Neto

Queiram ou não, Neto era um jogador genial. Mas, na época em que jogava, infelizmente não tinha a boa cabeça que tem hoje como apresentador. E, se tivesse, teria disputado três Copas do Mundo!

Cruyff

Johan Cruyff é outro exemplo de gênio que poderia ter ido muito mais longe. Em 1978, aos 31 anos, deixou o Barcelona, passou a fumar ainda mais e, por isso, não conseguiu mais ter sucesso no clubes seguintes de sua carreira. Cigarro e bola, definitivamente, não combinam…

Atacantes:

Coutinho

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A carreira de Coutinho começou cedo e acabou mais cedo ainda. Em 1970, aos 27 anos, quando deixou o Santos, já estava com o seu joelho completamente comprometido, não conseguindo brilhar com as camisas que vestiu na sequência (Atlas-MEX, Bangu e Saad).

Pagão

Paulo César de Araújo, que brilhou – e muito – com as camisas do Santos e do São Paulo, para mim, é o caso mais célebre de jogador que não conseguiu aproveitar 100% do talento dado por Deus por causa de contusões. Tanto que, maldosamente, Pagão ficou conhecido entre a imprensa e torcedores como "Canela de Vidro". Mesmo assim, ele foi um gigante do nosso esporte. Mas era para ter sido muito maior.

Garrincha

Diz o genial escritor Ruy Castro, biografo de Garrincha, que a última grande atuação de Mané foi no dia 15 de dezembro de 1962, na final do Carioca daquele ano, quando o Botafogo venceu o Flamengo por 3 a 0 (o "Anjo das Pernas" tortas marcou dois gols e infernizou a zaga rubro-negra durante os 90 minutos). Ou seja, o futebol brasileiro perdeu Garrincha para valer com apenas… 29 anos! É verdade que ele seguiu jogando, ainda defendeu o Corinthians, o Flamengo, mas quase sempre sendo escalado por seu fortíssimo nome.

Adriano

Ah, se Adriano tivesse a cabeça e a força de vontade de Ronaldo… Um exemplo clássico de falta de interesse pelo esporte. Para o grande centroavante da Inter, empinar pipa com os amigos na Vila Cruzeiro era mais interessante que arrebentar em um clássico em Milão. Fazer o quê? Só nos resta respeitar a sua vontade. E, claro, imaginar o que ele poderia ter feito em sua carreira se tivesse mais comprometimento.

Heleno de Freitas

A noite, e tudo o que a envolve (bebida, mulheres, poucas horas de sono…), abreviaram a genial carreira de Heleno de Freitas. Ele poderia ter sido o cara da Copa do Mundo de 1950, mas preferiu viver a vida de outra forma.

Tostão

O maravilhoso Tostão é dos mais comentados jogadores da história mesmo tendo encerrado a sua brilhante carreira aos 27 anos. Deu muito azar o nosso Eduardo Gonçalves de Andrade naquele lance com zagueiro corintiano Ditão, que também não teve culpa na bolada que deslocou a retina do genial cruzeirense.

Paulo Valentim

Valentim, genial com as camisas do Atlético-MG, do Botafogo e do Boca Juniors, poderia ter tido muitas chances na seleção se não gostasse tanto da noite…

Van Basten

Marco van Basten aguentou heroicamente jogando em alto nível até 1993, quando seus tornozelos não suportaram mais as constantes pancadas dos zagueiros brucutus do futebol italiano. O mundo se despediu de toda a classe do holandês quando ele tinha apenas 29 anos.

Cantona

O temperamento explosivo fez com que Éric Cantona encerrasse a sua carreira com apenas 30 anos. Mesmo assim, deu tempo para vencer nada menos que quatro Campeonatos Ingleses com o Manchester United, sendo um dos protagonistas em todos esses títulos.

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George Best

A carreira do genial George Best acabou para valer mesmo em 1974, aos 28 anos, quando deixou o Manchester United. A emblemática frase "gastei muito dinheiro em bebida, mulheres e carros rápidos. O resto eu desperdicei", dita pelo próprio Best em uma entrevista, resume os motivos de sua precoce decadência no futebol.

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A carreira de Reinaldo terminou "para valer" em 1985, quando ele deixou o Galo aos 28 anos. O Rei do Mineirão sofreu com "milhares" de lesões por ter sido caçado no juvenil, no profissional, principalmente quando enfrentava o beque Buzuca, da Caldense, e até mesmo nos treinos do Galo, sofrendo com os pontapés do uruguaio Cincunegui. Pobre Reinaldo, perseguido por suas posições políticas e por sua alta técnica.

Agora é a sua vez, amigo internauta.

Escale a sua seleção com craques que não aproveitaram em 100% seus talentos por falta de sorte, por falta de comprometimento ou por vícios.

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Sobre o autor

Milton Neves é jornalista profissional diplomado, publicitário, empresário, apresentador esportivo de rádio e TV, pioneiro em site esportivo no Brasil, 1º âncora esportivo de mídia eletrônica do país, palestrante gratuito de Faculdades e Universidades, escrivão de polícia aposentado em classe especial, pecuarista, cafeicultor e é empresário também no ramo imobiliário.