Deixem o Neymar se isentar
POR RICARDO CAPRIOTTI
Em tempos de pandemia, distanciamento social, crise econômica e – no Brasil – caos político, há uma enorme tendência de generalizações, cobranças e radicalismos.
Estamos vivendo a era do confinamento com a praticidade das inúmeras redes sociais, o que proporciona uma chance única de nos tornarmos especialistas em diversos assuntos; críticos de muitos segmentos.
Se não tem Fla x Flu no Maraca, nas plataformas da internet o duelo é entre esquerdistas e direitistas; amigos da cloroquina contra os defensores da ciência; mortadela versus coxinha e mais uma infinidade de confrontos que mostram como atingimos um alto nível de intolerância para defender um ponto de vista.
O mais novo alvo dos juízes da tecnologia é um velho conhecido dos brasileiros e que andava meio desaparecido em meio ao ringue do noticiário: Neymar. Ainda sem se posicionar sobre os mais diversos temas da atualidade, a audiência virtual cobrou do rapaz um posicionamento sobre a morte do negro americano George Floyd por um policial branco, ato que vem gerando uma onda de protestos nos Estados Unidos e em outros países.
Diferentemente dos críticos que acreditam que o jogador do PSG tem o dever de se posicionar em momentos como este, eu não o recrimino. Sou completamente favorável a que todos tenham o livre direito de conduzir suas vidas da maneira que julgam mais procedente, incluindo o de se isentar.
Particularmente, adoro que grandes ídolos exerçam um papel questionador e de posições claras, mas que sou eu –ou você – para determinar o que uma personalidade deve, ou não, fazer? Acredito que muito da ausência nas grandes questões por parte de jogadores brasileiros se deve por uma falta de melhor formação, de compreensão do cenário, por isso a alienação. Esse fato não lhe tira a responsabilidade de estudar, aprender, se informar. Mas cada um escolhe as suas prioridades.
No caso de Neymar, depois de tanta pressão, até se manifestou em defesa da causa negra, mas muitas vezes o silêncio seria até mais valioso dado o teor raso dessas colocações.
Assim como Raí e Alexandre Pato tem o direito sagrado de escolher um lado – e por mais que você não suporte um desses lados – para se posicionar politicamente, Neymar também deve ser respeitado por sua neutralidade no debate. Talvez não seja por vontade, mas por limitação. E isso só irá mudar quando o Brasil oferecer Educação de qualidade para todos os cidadãos aprenderem a pensar.
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