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Milton Neves

Lei de Jordan: parar craque na porrada é eficaz como segurar água com a mão

Milton Neves

03/05/2020 04h00

Assim como boa parte da população corretamente trancafiada em casa para tentar conter a expansão do maldito coronavírus, tenho lido muitos livros e assistido muitas séries na TV.

Algumas de ficção e muitas outras sobre esportes.

E me encantei com "Arremesso Final", da Netflix, que a própria empresa define como um "relato definitivo sobre a carreira de Michael Jordan e o time do Chicago Bulls nos anos 90".

Aqui, uma observação.

O inigualável Jordan ainda não é considerado como um "Deus supremo" do basquete porque não morreu ainda – graças a Deus!

É uma triste constatação, mas a morte aumenta a percepção do talento em qualquer setor de atividade.

Bom, e este ótimo documentário da Netflix retrata, em seu terceiro episódio, como funcionava a violentíssima "Lei de Jordan", aplicada pelos jogadores do Detroit Pistons contra o gênio do Chicago Bulls nos encontros das duas equipes no final dos anos 80 e início dos anos 90.

Clique aqui e entenda como funcionava a "Lei de Jordan"

Ah, e isso me remeteu a tantos e tantos casos do futebol.

É claro, o craque de qualquer esporte sempre será caçado, nas quadras ou nos campos.

E, afinal, não tivemos também antigamente a "Lei de Pelé" (não confundir com a Lei Pelé), a "Lei de Garrincha" e temos hoje a "Lei de Neymar"?

Pelé infernizava as vidas dos zagueiros adversários e apanhava MUITOOOOOOOOO.

O são-paulino Vitor Lituano era seu grande algoz.

Já Roberto Dias, também do São Paulo, era apontado pelo Rei como o seu marcador mais leal.

Tanto que um dia Pelé, em consideração ao grande jogador tricolor, deixou de anotar um tento com Dias caído dentro do gol.

É que Roberto Dias voou, colocou o rosto na frente da bola e, se chutasse, Pelé marcaria o gol e acertaria em cheio o nariz do zagueiro.

Bom, mas, como o Rei não tinha vocação para padre, não deixava barato e vivia se vingando.

Era a caça e o caçador.

Que o digam o zagueiro mineiro Procópio (ficou cinco anos parado após uma entrada do Rei), o argentino Messiano (teve seu nariz quebrado), o uruguaio Fontes (que recebeu a emblemática cotovelada no Brasil x Uruguai da Copa de 1970) e o juventino Pando (teve o joelho fraturado no mesmo dia em que Pelé marcou o gol mais bonito de sua carreira, na Rua Javari).

Mas, é claro, Pelé não agia, apenas reagia aos pontapés que tomava.

Algo que Garrincha nunca fez.

O Anjo das Pernas Tordas se cansou de levar e de escapar de bordoadas de Altair (Fluminense), de Jordan (Flamengo) e de Coronel (Vasco).

Mas, diferentemente de Pelé, revidava com seus desconcertantes dribles, que desmoralizavam ainda mais o agressor.

E, trazendo o papo para os dias atuais, o que dizer de Neymar?

Ele realmente força a barra às vezes.

Mas o que ele apanha não está no gibi…

Principalmente na França, onde seus horríveis adversários, como não conseguem superar o PSG, tratam as bordoadas no camisa 10 da seleção brasileira como verdadeiros troféus.

E isso tudo poderia muito bem ser inibido com punições mais severas dos tribunais desportivos do mundo todo.

Não estamos cansados de escutar que "fulano tinha pegado 30 jogos de gancho, mas seu clube entrou com recurso e a pena caiu para… uma partida"?

Uma vergonha!

Quem, com violência, tenta impedir os espetáculos dos protagonistas, como Michael Jordan, Pelé, Garrincha e Neymar, merece, sim, suspensões pesadíssimas e até mesmo, dependendo do caso, ser banido do esporte.

E eles precisam entender de uma vez por todas que, apesar de a "Lei de Jordan" ter dado certo em algumas ocasiões, tentar superar o talento com porrada é como segurar água com as mãos.

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Sobre o autor

Milton Neves é jornalista profissional diplomado, publicitário, empresário, apresentador esportivo de rádio e TV, pioneiro em site esportivo no Brasil, 1º âncora esportivo de mídia eletrônica do país, palestrante gratuito de Faculdades e Universidades, escrivão de polícia aposentado em classe especial, pecuarista, cafeicultor e é empresário também no ramo imobiliário.