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Milton Neves

Neto em 90, Falcão e Minelli em 78. E muitos outros injustiçados na seleção

Milton Neves

07/01/2020 04h00

Neto, Minelli, Falcão, Marcelinho Carioca, Ademir da Guia e Leão. Em comum, todos foram injustiçados na seleção. Fotos: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

Alguns jogadores de futebol mereciam ter disputado pelo menos uma Copa do Mundo.

Por razões das mais diversas, inexplicáveis por muitas vezes, acabaram preteridos.

E não foram apenas jogadores injustiçados, mas também treinadores.

Então, vamos relembrar alguns casos.

COPA DE 1950

O técnico Flávio Costa (1906-1999) teve a "coragem" de deixar o monumental Nilton Santos na reserva do lateral-direito vascaíno Augusto (1920-2004), quando deveria ser o titular da lateral-esquerda (sua real posição), onde jogou o  limitado Bigode (1922-2003), do Flamengo.

Flávio Costa provavelmente quis agradar a torcida rubro-negra na Copa disputada no Brasil…

COPA DE 1954

No Mundial disputado na Suíça, Zezé Moreira (1907-1998) preteriu o espetacular Zizinho (1921-2002).

Dizem, à boca pequena, que Zizinho ficou "mal visto" pela cúpula da seleção por ter exigido dinheiro adiantado na Copa de 50.

Zizinho seguia tão bom em 1954 e foi a estrela maior do São Paulo três anos depois, na conquista do Campeonato Paulista pelo São Paulo.

Zizinho, o "Mestre Ziza", craque do Flamengo, Bangu e São Paulo, deveria estar na Copa de 1954. Foto: Reprodução

COPA DE 1958

Embora a campanha brasileira tenha sido maravilhosa na Copa de 1958, não podemos deixar de lembrar do endiabrado Luizinho, o Pequeno Polegar, astro corintiano que poderia estar na lista de Vicente Feola. E do próprio Zizinho, por que não?

COPA DE 1966

Aqui, o exemplo da MAIOR INJUSTIÇA COLETIVA DE TODOS OS TEMPOS…

O time que deveria ser o titular de Vicente Feola só poderia ser o seguinte:

Valdir Joaquim de Moraes, Carlos Alberto Torres, Djalma Dias, Roberto Dias e Edson Cegonha; Dino Sani, Rivellino e Ademir da Guia; Tostão, Pelé e Edu.

Destes, ele levou apenas o trio de ataque, e Edu assistiu os jogos do banco de reservas.

O camisa 11 do Santos estava em fase espetacular. Uma injustiça!

Dino Sani foi cortado e para o seu lugar Feola levou Zito (que estava machucado) e não jogou…

E Carlos Alberto Torres…

Djalma Santos foi o titular. Ele havia sido ótimo em 58 e 62, mas já estava veterano em 66 e a camisa 2 deveria ser daquele que foi o "Capita" em 70!

Entre aquelas histórias que nunca ninguém poderá provar, dizem que Stanley Hous, então presidente da Fifa, tramou nos bastidores com João Havelange (presidente da CBD) para que o Brasil não vencesse a Copa de 66, pois a terceira conquista consecutiva da seleção canarinho não "cairia bem" para o já "negócio futebol".

Verdade ou não, João Havelange foi eleito o substituto de Stanley Hous no comando da Fifa na gestão seguinte…

Ademir da Guia e Valdir Joaquim de Moraes em Moscou, durante excursão da seleção brasileira em 1966. Eles estiveram com o grupo durante a preparação para a Copa da Inglaterra mas acabaram não sendo convocados.

COPA DE 1970

Maior jogador da história do São Paulo Futebol Clube (Rogério Ceni é o segundo), o zagueiro Roberto Dias, que já deveria ter disputado a Copa da Inglaterra, também ficou fora da Copa do México, preterido por Zagallo.

Humilde, não esbravejava, mas era nítida a tristeza em seu olhar por não ter defendido a seleção, tanto na Copa de 66 quanto na de 70.

Milton Neves recebeu o saudoso Roberto Dias em 27 de dezembro de 2005 no programa "Golaço", da Rede Mulher. Foto: Portal Terceiro Tempo

COPA DE 1974

Embora estivesse no grupo que foi à Alemanha na Copa de 74, Ademir da Guia teve poucos minutos em um jogo que valia nada ou quase nada, a disputa (perdida) pelo terceiro lugar contra a Polônia do carequinha Lato.

Ademir da Guia, que foi melhor que Cruyff mas que não avisou o mundo de sua qualidade, por sua timidez, merecia melhor sorte na seleção brasileira.

COPA DE 1978

Técnico tricampeão consecutivo do Brasileirão, em 1975 e 1976 pelo Inter e em 1977 pelo São Paulo, Rubens Minelli era o nome ideal para comandar a seleção brasileira na Copa de 1978, na Argentina.

Porém, não foi este o entendimento da cúpula da CBD (hoje CBF).

Presidida pelo controverso Heleno Nunes (1917-1984), o homem dos campeonatos com "trocentos" times, a escolha recaiu em favor de Claudio Coutinho (1939-1981), então treinador do Flamengo.

Ainda em 1978, outra injustiça, e das grandes…

Claudio Coutinho levou o valente Batista e o xerifão Chicão (1949-2008) e deixou o raro Falcão de fora…

O brilhante jogador que já assombrava há tempos a galera do Beira-Rio e que a partir de 1980 encantou a Velha Bota a ponto de ganhar a alcunha de "Rei de Roma', amargou enorme frustração em ficar de fora daquele Mundial…

E não custa lembrar que o Brasil já tinha um outro gênio desfilando talento pelo menos desde 1976, mas que estava "escondido" no querido Botafogo, o Botinha de Ribeirão Preto: Sócrates (1954-2011).

Mas, com boa vontade e olhos minimamente clínicos, Claudio Coutinho e seu estafe poderiam ter enxergado o Doutor e seu calcanhar mágico…

E, com a bola rolando na Copa, Claudio Coutinho improvisou Edinho (quarto-zagueiro) como lateral-esquerdo, afinal não havia chance para ele na zaga titular, com Oscar e Amaral.

Em uma época repleta de pontas de verdade, Edinho, sem cacoete para a posição, obviamente não deu conta do recado.

Depois dos dois primeiros jogos (Suécia e Espanha), precisou rever sua "brilhante ideia" e colocou o saudoso Rodrigues Neto (1949-2019), um lateral-esquerdo de ofício que cumpriu bem o papel.

Rubens Minelli deveria ter sido o treinador brasileiro na Copa de 1978 e Falcão seria o camisa 5 ideal daquela seleção que foi à Argentina. O escolhido para comandar o time foi Cláudio Coutinho, que preferiu Batista e Chicão ao invés de Paulo Roberto Falcão… Fotos: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

COPA DE 1982

Telê Santana (1931-2006) tinha teimosias e birras inexplicáveis.

Com todo o respeito ao saudoso Waldir Peres (1951-2017), o melhor goleiro do Brasil em 1982 era Emerson Leão. Mas o goleiro, então vestindo a camisa tricolor do Grêmio, não foi para a Espanha.

É possível, bem possível, que no sinistro jogo contra a Itália, que eliminou o Brasil, se fosse Leão o goleiro, ele teria feito muita manha após o segundo empate brasileiro (gol de Falcão) naquela tarde mágica de Paulo Rossi e, quem sabe, ter evitado o terceiro gol italiano…

Orlando Duarte abraça Emerson Leão em 25 de abril de 2011, durante lançamento de livro de Orlando Duarte na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo. Leão deveria ter sido o titular da meta brasileira na Copa de 1982, na Espanha. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

COPA DE 1986

No México, que pela segunda vez sediava uma Copa do Mundo, ausências de Renato Gaúcho e Leandro, que foram preteridos por Telê Santana por um atraso no regresso de uma folga noturna à concentração.

Renato vivia grande fase e Leandro, um dos destaques do time de 82, poderiam ter ajudado o time canarinho, quem sabe, a ter chegado mais longe…

COPA DE 1990

Ah, Sebastião Lazaroni…

Neto estava "voando" em 1990.

Astro principal da campanha vitoriosa do Timão naquele que foi o ano do primeiro Brasileirão conquistado pelo time de Parque São Jorge.

Lazaroni, entretanto, deixou o ótimo meia-esquerda corintiano fora da Copa da Itália de 90…

Bismarck, do Vasco, que não era nem de longe tão talentoso quanto Neto, foi para aquela Copa…

Neto, exímio nas bolas paradas (na imagem contra o São Paulo, no Morumbi). O camisa 10 do Timão era "o cara" para a Copa de 90. Foto: arquivo pessoal de Neto

COPA DE 1994

Ainda que tenha vencido a Copa dos Estados Unidos, a equipe de Carlos Alberto Parreira poderia ter um outro atacante, pelo menos para ficar no banco de reservas.

Casos de Evair e Edmundo que estavam em grande momento no Palmeiras-Parmalat.

Dois atacantes, bons, mas bem abaixo dos citados acima, foram para a terra do Tio Sam naquela Copa: Viola e Paulo Sérgio.

COPA DE 1998

Romário foi cortado pouco antes da Copa de 1998.

O atacante, que estava contundido, jura de pés juntos, até hoje, que teria condições de estar presente ao jogo de estreia do Brasil naquele Mundial

Zico, coordenador técnico e Zagallo, o treinador, não comungaram da mesma ideia do camisa 9 que havia sido o destaque da Copa anterior.

E, claro, bom lembrar também de Marcelinho Carioca, que também poderia ter ido na Copa de 1994.

E Edmundo?

Ele estava com a camisa nas mãos, preparando-se para entrar na final contra a França, mas Ronaldo Fenômeno chegou na última hora e quis porque quis jogar…

Não tinha condição, por tudo que sofrera horas antes, convulsionando no hotel, sob os olhares de pânico de todos da delegação brasileira.

Edmundo tinha que ter jogado aquele jogo, o jogo da vida de Zidane.

COPA DE 2002

Aqui, impossível não mencionar Alex, o camisa 10 do Palmeiras que merecia estar na Copa disputada no Japão e Coreia do Sul.

Como o Brasil de Felipão venceu, a ausência acaba sendo minimizada. Mas que ele merecia estar lá, merecia!

Mas, talvez ainda mais que Alex, seja o caso de Marcelinho Carioca, outro que não figurou no grupo de Felipão.

E Romário ainda tinha lenha para queimar, não é mesmo?

Marcelinho Carioca, injustiçado em 1994, 1998 e 2002. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

COPA DE 2010

Bem que eu avisei Dunga na coletiva da qual participei no Hotel Windsor, na Barra da Tijuca, no dia em que ele anunciou os convocados para a Copa da África do Sul.

Alertei sobre a mancada de Cesar Luiz Menotti em 1978, que não levou Maradona, alegando que ele ainda era um menino…

Comparei a situação com a de Neymar, que seria um elemento surpresa em 2010, uma vez que o mundo ainda não conhecia o talento do menino do Santos.

E também falei sobre Ganso, à época o melhor da posição, que assim como Neymar, ficou de fora da lista de Dunga.

Que pecado as ausências dos dois, não é mesmo, Dunga?

E é bom frisar que Grafite, ótima pessoa por sinal, foi um dos atacantes convocados pelo treinador gaúcho de Ijuí.

Abaixo, o vídeo com minha pergunta a Dunga na coletiva do treinador, no Hotel Windsor, na Barra da Tijuca (RJ):

COPA DE 2014

Aqui, a "sacanagem" foi com Mano Menezes, que estava fazendo todo o trabalho na seleção, até ser substituído por Felipão.

Felipão tomou o lugar de mano Menezes e danificou sua imagem, tão bem construída em 2002.

Hoje, sua imagem tem a seguinte matemática:

95% lembram dele pelos 7 a 1 sofridos contra a Alemanha em 2014 e 5% pelo triunfo na Copa de 2002…

E você, amigo (a)?

O que acha das injustiças mencionadas?

Lembrou de mais alguma?

OPINE!

 

Sobre o autor

Milton Neves é jornalista profissional diplomado, publicitário, empresário, apresentador esportivo de rádio e TV, pioneiro em site esportivo no Brasil, 1º âncora esportivo de mídia eletrônica do país, palestrante gratuito de Faculdades e Universidades, escrivão de polícia aposentado em classe especial, pecuarista, cafeicultor e é empresário também no ramo imobiliário.