Topo

Milton Neves

Zico, o exemplar e desapegado Pelé da Gávea

Milton Neves

15/11/2019 18h00

Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Nestes tempos merecidos de overdose de Flamengo, pintou no Rio o maior de todos no Ninho do Urubu.

Zico, o gênio bom caráter que conseguiu até ensinar japonês a jogar bola, foi humildemente tietar Jorge Jesus, o bola da vez do Rubro-Negro.

Quanta humildade, quanto desapego, quanto amor pelo Flamengo, quanta simpatia e ciúme zero.

Se depender dele, o ótimo treinador português, que aliás levou belo nó tático do não superado, perseguido e sempre competente Luxemburgo na quarta-feira, marcará seu nome acima do de Zico no Mengão.

Sim, impossível, mas para os mais jovens Jorge Jesus é o cara e Zico grande nome do passado.

Passado que a todos apaga no Brasil, infelizmente.

Não é, Eder Jofre?

Certo, Maria Esther Bueno aí no céu?

O Guga e o Ayrton Senna "ameaçam" ser as próximas vítimas.

E espantosamente até Pelé "corre risco".

Mas a atitude humilde de Zico, chegando do Japão e indo imediatamente cumprimentar e agradecer a Jorge Jesus, transcende o próprio gesto e transborda de ensinamento aos raivosos inconformados que não são hoje o que foram ontem, em qualquer área.

Não sabem que tudo na vida tem começo, meio e fim.

Serve também de conselho aos diretores de TV, de jornal ou rádio, esportivos ou não, e aos presidentes de empresas ou de países que, removidos, substituídos ou derrotados, viram verdadeiros urubus, sempre torcendo, agitando e opinando contra aquele que hoje ocupa o lugar que foi de quem se considera ou se considerava presidente vitalício ou eterno diretor de qualquer entidade.

Que se ferrem as empresas, os países, os governos estaduais ou municipais.

O importante para essas pessoas rabugentas é nunca desapegar, sinônimo de posse, sofrimento e inconformismo.

E é no mundo inteiro.

Nova York, por exemplo, é a capital mundial da inveja e do ressentimento corporativo, sabe-se.

Então, grande Zico, parabéns também por isso e, se você pudesse, Bruno Henrique o superaria, Gérson seria o legítimo novo Gérson Canhota, Rafinha o Leandro Peixe que só perdeu para Carlos Alberto Torres, e os bons Arrascaeta e Everton Ribeiro os novos Adílios ou Andrades, craques flutuantes que não tocavam a chuteira no gramado.

Vamos desapegar, moçada, e isso aprendi com Randal Juliano (1925 – 2006), que, sempre de smoking, foi o Rei da TV do Brasil nos anos 60 na TV Record.

"Faça seus gols, que eles sejam muito bem arquivados enquanto você está por cima, porque tudo que sobe também desce na vida. E lamentar, xingar, urubuzar e lamuriar não adianta nada. Só abrevia um novo fim", falava à exaustão.

Valeu, Randal Juliano Mattosinho, "um apresentador e comentarista a rigor"!

Como Zico, "um gentleman por excelência".

Opine! 

Sobre o autor

Milton Neves é jornalista profissional diplomado, publicitário, empresário, apresentador esportivo de rádio e TV, pioneiro em site esportivo no Brasil, 1º âncora esportivo de mídia eletrônica do país, palestrante gratuito de Faculdades e Universidades, escrivão de polícia aposentado em classe especial, pecuarista, cafeicultor e é empresário também no ramo imobiliário.