"O Corinthians é o maior", admite Milton Neves em entrevista a Fábio Salgueiro
Por Fábio Salgueiro
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Apesar de perseguir o time do povo com seguidas provocações, o jornalista e publicitário se rende à Fiel, classificando o Alvinegro como o maior clube do País e profetiza: "Eu adoro o Corinthians e quero que o clube tenha vida eterna, pois se o Corinthians sumir, acaba a crônica esportiva brasileira."
Acompanhe a segunda parte da entrevista com o apresentador de rádio mais polêmico do país (confira a primeira parte clicando AQUI), que revela também o seu maior arrependimento e, curiosamente, envolvendo o clube do coração, o Santos FC.
Blog Salgueiro FC – Você adora provocar o Corinthians. É uma paixão enrustida pelo time do povo?
Milton Neves – De burro eu não tenho nada. Não adianta provocar a Portuguesa. O Corinthians é o maior. É o time que tem o nome mais bonito do mundo. É a camisa mais forte disparada do Brasil, porque a torcida do Corinthians está concentrada no estado de São Paulo, onde tudo é melhor, e quem está opinando é um mineiro.
Quem carrega o Brasil nas costas é São Paulo. Se não tivéssemos tanta mala para carregar, nós seríamos uma Alemanha, um Estados Unidos, seríamos, sem dúvida, um país de primeiríssimo mundo.
A verdade é que o Corinthians dá retorno. Eu adoro provocar o Corinthians. Mas ninguém reconhece mais o Corinthians do que eu, que até inventei a frase: Corinthians, nada é mais bonito.
– Mas e a rejeição da Fiel não preocupa?
– 99% da torcida corintiana saca que eu só estou enchendo o saco, mas 1% me odeia mesmo, eu sei disso.
– As provocações então são puro marketing?
– Não entendo muito essa coisa de psicologia e nem sei se seria bullying, mas lá em Muzambinho (MG), 80% da cidade era tudo torcedor do Corinthians. Tinham dois torcedores da Portuguesa, que já morreram, e eu de santista. Até hoje, corintiano é igual a pardal, tem para todo lado.
Então, era só encheção de saco. O Santos jogava domingo, na Alemanha; terça-feira, em Luxemburgo; quinta-feira, na Bélgica; sábado, na Itália; e de vez em quando perdia um amistoso. Quando eu chegava na porta do colégio, havia um batalhão de meninos, todos meus amigos, me esperando para tirar um sarro.
Quando o Corinthians quebrou o tabu, em 6 de março de 1968, eu me senti um Obama (Barak Obama, presidente dos Estados Unidos), pois estava toda a cidade na porta do colégio para me gozar.
Quando o Santos fugiu de campo, em 15 de agosto de 1963 – o São Paulo vencia por 4 a 1 – aquilo foi um inferno na minha cabeça e principalmente os corintianos vieram encher meu saco.
– O Corinthians é um trauma de criança?
Então, eu posso carregar no inconsciente algo contra o Corinthians, mas não sei. O Corinthians daquela época era uma porcaria, ruim demais. Mas, na verdade, eu adoro o Corinthians e quero que o clube tenha vida eterna, pois se o Corinthians sumir, acaba a crônica esportiva brasileira.
– Você "adotou" alguns clubes pelo país. Mas o coração é só Santos?
– Claro. Sou só Santos. Tenho, sim, essa tática, por exemplo, sou ABC contra o América-RN; Bahia contra o Vitória; Coritiba contra o Atlético-PR; Galo contra o Cruzeiro; mas na verdade eu não sou nada, apenas Santos Futebol Clube.
– Mas o Santos é responsável pelo seu maior arrependimento, correto?
– Estou ainda com muita raiva do Laor (Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro) e do Odílio (ex-presidente e vice do Santos), pois eu que elegi os dois nas eleições do clube e foram pífios, horrorosos, não souberam administrar a locomotiva, o boeing chamado Neymar. São pessoas honestas, mas incompetentes.
Se o Neymar não existisse, o Laor teria sido um presidente normal. Mas o episódio Neymar deixou ele transtornado, fora de si, achando que já era um Pelé. Eu me arrependo de ter ajudado a eleger os dois para a presidência do Santos. Laor não tinha condição de ser presidente, muitos menos o Odílio de ser vice. E quando o presidente saiu, o vice deveria ter saído junto.
Eu não deveria ter me metido nunca nessa eleição do clube.
– Ser presidente do Santos não te fascina mais?
– A maior bobagem que eu falei na vida é que seria presidente do Santos. Nunca serei presidente de nada e por um simples motivo: achava que eu teria um gabinete e pronto, estava tudo resolvido. Nada disso! Como presidente, você tem trilhões de coisas para fazer. Só fui vice-presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo) e já está bom demais.
Devo muita coisa ao Santos, que norteou a minha vida profissional, pois através do clube, conheci o rádio. Mas nunca serei presidente.
*Nesta quarta-feira, o polêmico Milton Neves fala de política e revela ao Blog para quem votará para Prefeito de São Paulo. Aguardem!
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