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Milton Neves

Ghiggia, a maior medalha de ouro da bola

Milton Neves

18/07/2015 09h47

felipaio
Quis o destino que o ator do grande ato da Copa de 50 fosse o último a ver descerem as cortinas do palco de sua vida.

Frase recebida por e-mail do céu enviada pelo querido Fiori Gigliotti.

E Ghiggia morreu exatos 65 anos depois do mesmo dia e do mesmo período do jogo em que o Uruguai virou o placar e provocou a maior dor da história do nosso povo.

Sim, maior do que a do Felipão-7 a 1!

É que a tragédia de 50 foi só ouvida e a de 2014 teve morte ao vivo com todo mundo vendo.

Ninguém precisou contar, diminuir ou aumentar.

Ao contrário daquela máxima "o que os olhos não veem o coração não sente", 1950 foi desastre imaginado na beirada do rádio e 2014 teve a TV como companheira de tanto sofrimento e de tanta vergonha.

Algo imaginado é muito mais sofrido porque você torce no escuro.

Os jogadores de 50 foram muito bem na Copa e perderam só para o imponderável, o único craque melhor do que o Pelé desde que o mundo é mundo.

Já os pernas duras de 2014 perderam bisonhamente porque tiveram misto de soberba e medo, não tinham talento, foram mal convocados e pessimamente escalados por um treinador superado.

Felipão, treinador ruim tanto quanto Flávio Costa que deixou Nilton Santos, gênio desde a barriga de sua mãe, na reserva do comum Augusto na lateral direita e não o escalando como titular da lateral esquerda no lugar do modesto e assustado Bigode.

Por ali passeou Ghiggia e sem a cobertura de Juvenal, conforme morreu dizendo Ademir de Menezes, o "Queixada".

E só se fala no fatídico gol de Alcides Edgardo Ghiggia, mas o Brasil perdeu mesmo foi no empate de Schiaffino, livre na grande área.

Ali o nosso "scratch" estava meio que comemorando com a guarda baixa após o 1 a 0 de Friaça já no segundo tempo quando jogávamos só pelo empate.

Então o time relaxou psicologicamente diante daquilo que seria impossível: a virada do Uruguai dentro de um Maracanã mais do que lotado e fazendo grande festa.

E quando veio o empate de Schiaffino, arrematando livre defronte ao gol de Barbosa, nosso time entrou em parafuso.

Naquele gol desmontou o Brasil "campeão".

Portanto, falem sim de Gigghia, mas para mim perdemos a Copa no gol de empate da "Celeste Olímpica".

E olha que o Uruguai é fraco de Olimpíada e até de Pan-Americano, competição "pré-temporada olímpica".

De "olímpico" o Uruguai só é forte no slogan e na tradição.

O Brasil não.

Melhoramos muito, mesmo sendo país coadjuvante no cenário internacional consagrado por Pierre de Coubertin.

E não se iludam com tantas medalhas neste Pan-Americano do Canadá.

Cada ouro de Toronto representará meio que sétimo ou oitavo lugar no Rio de Janeiro-2016.

Nada contra nossos abnegados atletas.

São todos merecedores de aplausos e de nossa gratidão.

Menos de nós "cronistas futebolísticos".

Seria hipocrisia nossa em aplaudir e não temos o direito de criticar.

O que faço eu, cronista só futebolístico e olhe lá, para o bem do ainda chamado "esporte amador"?

Nada!

Eu e uns 81,27% dos "canais e jornalistas de futebol"!

E não adianta também ampla divulgação, pontual e única de veículos, só por ocasião dos eventos.

Tanto que, fazendo e mostrando esporte só quando das disputas por medalhas, a forte Record perde ibope diante de ausência esportiva diária em sua grade.

O Pan-Americano tem sido para a Record um adversário até mais duro do que Globo, Band e SBT.

Mas comemoremos nossas medalhas quase de ouro de tolo.

Não custa.

Mas as de ouro de verdade verdadeira foram as de Schiaffino e de Ghiggia, os heróis maiores de um país tão pequeno e de coração tão grande.

Imagem: Túlio Nassif/Portal TT

Sobre o autor

Milton Neves é jornalista profissional diplomado, publicitário, empresário, apresentador esportivo de rádio e TV, pioneiro em site esportivo no Brasil, 1º âncora esportivo de mídia eletrônica do país, palestrante gratuito de Faculdades e Universidades, escrivão de polícia aposentado em classe especial, pecuarista, cafeicultor e é empresário também no ramo imobiliário.