Falem de Dunga, mas não falem de mim
Por Fábio Lucas Neves
Saiu Felipão. Entrou Dunga. Um gaúcho por outro. E essa é a menos importante das similaridades entre eles. Se um fosse amazonense e o outro, sergipano, daria na mesma.
O que importa é que ambos têm as costas largas. Podem ser usados como escudos em momentos de contestação do comando do futebol nacional.
Ao contrário do insosso Mano Menezes ou de Tite, são explosivos, um prato cheio para os jornalistas. Representam certeza de boas manchetes e de reportagens com repercussão garantida. De histórias para contar que preenchem ao topo as páginas dos jornais e portais e os boletins de rádio e de TV. Que espaço resta aos dirigentes?
O "vazamento" do retorno de Dunga transfere os olhos e os ouvidos da opinião pública e da imprensa para o capitão do tetra. É o que importa. O que o gaúcho de Ijuí fez de relevante como treinador nos últimos quatro anos? Nada. Mas, o que Felipão havia feito de relevante antes de assumir novamente a Seleção, além do rebaixamento do Palmeiras?
A escolha não é "técnica", "tática" ou "planejada". É covarde. A volta de Dunga tira o foco da CBF. De José Maria Marin. E do braço direito dele, Marco Polo Del Nero. O presente e o futuro da Confederação Brasileira estão unidos para enterrar de vez o passado fúnebre da participação verde e amarela na Copa de 2014. Nem que, para isso, a campanha na Rússia em 2018 fique seriamente comprometida.
Notas
– Se a cúpula da CBF preocupa-se mesmo com o próprio umbigo, por que o torcedor deveria perder noites de sono com a Seleção?
– Fora do período de Copa do Mundo, a indiferença torna-se ainda maior do que o nojo.
– A volta de Dunga para blindar a dupla Marin-Del Nero foi condicionada – acredito –, pela presença de pessoas da confiança dele na Confederação.
– Por esse raciocínio, a chegada do boa-praça Gilmar Rinaldi, amicíssimo do colorado há décadas, está mais do que explicada.
– Ou há outro motivo para o ex-goleiro se tornar coordenador de futebol da CBF?
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