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Milton Neves

Mauro Beting se declara ao Galo

Milton Neves

23/06/2009 16h18

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O comentarista Mauro Beting, da Rádio Bandeirantes de São Paulo e de outros "trocentos" veículos de comunicação, foi doutrinado na igreja palmeirense, por obra dos pais, Joelmir e Lucila.

Entretanto, o jovem serelepe, amante do futebol, percebeu que o esporte mais popular do planeta não se resumia ao time do coração.

Hoje, Mauro Beting (falando sério) é um dos principais personagens da história da crônica esportiva desse país, como diria Lula, e um admirador fiel e convicto da Massa.

Para homenagear o Clube Atlético Mineiro e sua torcida, o "multifuncional" fez um texto irrepreensível, emocionante, delicioso, forte e vingador.

Eu, Milton Neves, como fã incondicional da torcida mais vibrante e espetacular do planeta, recomendo a crônica.

Só uma ressalva aos cruzeirenses.

Não leiam.

O risco de virar a casaca é enorme.

"O melhor lance do Atlético não foi num jogo.

Foi fora dele. Foi numa derrota.

Minto, num empate de um time invicto, o supervice-campeão do BR-77.

Não foi o melhor jogo ou jogada.

Mas não teve nada mais atleticano que aquilo: depois da derrota nos
pênaltis para o São Paulo, Mineirão e Brasileirão estupefatos pela queda
sem derrota de um senhor time de bola, os jogadores baqueados e barreados
pela chuva e pela lama se abraçaram no gramado e assim foram ao vestiário.

Foi a primeira vez que vi a cena reverente que virou referência.

Ninguém estava fazendo marketing (nem existia a tal palavra).

Nenhum jogador estava jogando pra galera.

Era fato.

Time e torcida estavam juntos naquele abraço doído e doido.

Como tantas vezes o atleticano esteve junto com o time. Qualquer time.

Nada é mais atleticano que aquilo: um time que se comportou como o
torcedor.

Solidário na dor, irmão no gol.

O atleticano é assim: tem a coragem do galo, mas não a crista.

Luta e vibra com raça e amor. Mas não se acha o dono do terreiro.

Sabe que precisa brigar contra quase tudo e contra quase todos. Até contra
o vento, na célebre imagem de Roberto Drummond.

Aquela que fala da camisa preta e branca pendurada num varal durante uma
tempestade. Para o escritor atleticano, ou, melhor, para o atleticano
escritor, o torcedor do Atlético sopraria e torceria contra o vento durante
a tormenta.

Não é metáfora. É meta de quem muitas vezes fica de fora da festa. Não
porque quer. Mas porque não querem.

Posso falar como jornalista há 17 anos e torcedor não-atleticano há 41: não
há grande equipe no país mais prejudicada pela arbitragem.

Os exemplos são tantos e estão guardados nos olhos e no fígado.

Não por acaso, o atleticano acaba perdendo alguns jogos e títulos ganhos
porque acumulou nas veias as picadas do apito armado.

Algumas vezes, é fato, faltou time. Ou só sobrou raça. Mas não faltou
aquilo que sobra no Mineirão, no Independência, onde o Galo for jogar:
torcida.

Pode não ser a maior, pode não ser a melhor, pode até se perder e fazer
perder por tamanha paixão, cobrando gols do camisa 9 como se todos fossem
Reinaldo, pedindo técnica e armação no meio-campo como se todos fossem
Cerezo, exigindo segurança e elegância da zaga como se todos fossem
Luisinho.

Mas não se pode cobrar ninguém por amar incondicionalmente.

O atleticano não exige bola de todo o time. Não cobra inspiração de cada
jogador. Quer apenas ver um atleticano transpirando em cada camisa, em cada
posição, em cada jogada.

Por isso pede para que o time lute.

É o mínimo para quem dá o máximo na arquibancada.

A maior vitória atleticana é essa. Mais que o primeiro Brasileirão, em
1971, mais que o vice mais campeão da história do Brasil, em 1977.

Os tantos títulos e troféus contam. Mas tamanha paixão, essa não se mede.

Essa é desmedida. Essa é a essência atleticana.

Essa é centenária.

Essa é eterna.

Mauro Beting Neves Filho."

Arrepiou?

Sobre o autor

Milton Neves é jornalista profissional diplomado, publicitário, empresário, apresentador esportivo de rádio e TV, pioneiro em site esportivo no Brasil, 1º âncora esportivo de mídia eletrônica do país, palestrante gratuito de Faculdades e Universidades, escrivão de polícia aposentado em classe especial, pecuarista, cafeicultor e é empresário também no ramo imobiliário.