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Milton Neves

Por "up grade" de títulos, Verdão, Peixe, Flu, Cruzeiro, Botafogo e Bahia pressionam a CBF a reconhecê-los como campeões brasileiros

Milton Neves

24/03/2009 16h23

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Em 2003, quando estive com Ricardo Teixeira na festa de lançamento da Traffic, o presidente da CBF me disse que reconheceria os títulos entre 59 e 70 como conquistas nacionais, ou seja, os times seriam campeões brasileiros desde 1959 e ponto final.

Seis anos depois da palavra de Teixeira, Palmeiras, Santos, Fluminense, Cruzeiro, Botafogo e Bahia se uniram para preparar um dossiê cujo objetivo é atualizar o ranking de conquistas.

Caso isso ocorra, o São Paulo perderá o posto de maior vencedor de Brasileiros para o Palmeiras e para o meu Santos, que ganharam cada um oito campeonatos nacionais.

Se Ricardo Teixeira cumprir o que me prometeu, o Tricolor do Morumbi terá que chegar em primeiro mais duas vezes para empatar com o Peixe e com o Verdão.

O Campeonato Brasileiro começou em 1971, mas desde 1959 os times disputavam competições nacionais, como a Taça Brasil, de 59 a 68, o Robertão, de 67 a 70, e a Taça de Prata, em 1970.

É justo, portanto, que a "dona" CBF faça a justiça histórica e reconheça os vencedores.

O jornalista Odir Cunha, responsável pela redação do dossiê, preparou algumas perguntas e respostas sobre a Taça Brasil, as quais eu reproduzo parcialmente aqui:

P.: A Taça Brasil foi uma competição oficial? R.: Sim. Nunca deixou de ser. Foi criada para que o Brasil tivesse um campeão nacional que o representasse na recém-criada Taça Libertadores da América, cuja primeira edição foi disputada em 1960. Ao criar a Taça Brasil, o presidente da CBD, João Havelange, atendeu o pedido da Confederação Sul-americana de Futebol.

P.: Em outros países onde o futebol é tão ou mais organizado do que no Brasil, quando se criou o campeonato nacional de pontos corridos as competições anteriores foram ignoradas? R.: Ao contrário. Nos países europeus – Espanha, Itália, Alemanha, Inglaterra… –onde o futebol é mais rico e organizado do que no Brasil, as competições nacionais antes do campeonato em pontos corridos têm o mesmo valor histórico.

P.: O público sabia que a Taça Brasil dava ao seu vencedor o título de campeão brasileiro, ou esse fato era ignorado? R.: Esse fato era de conhecimento geral. Milhões de brasileiros sabiam da relação da Taça Brasil com o título de campeão brasileiro, pois os maiores e mais conceituados veículos de comunicação do País noticiavam exaustivamente essa informação, como jornais, revistas, rádios, tevês e as produções cinematográficas do Canal 100.

P.: A Taça Brasil era uma competição séria, ou mudava de regras e participantes a cada edição? R.: A Taça Brasil jamais mudou suas regras durante os dez anos em que foi disputada. Não havia clubes convidados. Valia o mérito técnico. Só mesmo os campeões estaduais podiam participar.

P.: Um time carioca ou paulista podia ser campeão da Taça Brasil fazendo apenas quatro partidas. Isso não diminui o mérito da competição? R.: De forma alguma. A qualidade dos jogos, e não a quantidade, é que define o status de uma competição. As primeiras quatro Copas do Mundo, por exemplo, de 1930/34/38/50, foram ganhas com apenas quatro partidas.

P.: A Taça Brasil foi disputada em uma fase inexpressiva do futebol brasileiro? R.: Ao contrário. De 1958 a 1970 o Brasil viveu seu período áureo no futebol, conquistando, de maneira inapelável, três das quatro Copas do Mundo realizadas.

E aí, a dossiê vai "pegar"? A CBF reconhecerá os títulos? E os são-paulinos, o que acham de perder o posto de maior vencedor do Brasil? Opine!

Sobre o autor

Milton Neves é jornalista profissional diplomado, publicitário, empresário, apresentador esportivo de rádio e TV, pioneiro em site esportivo no Brasil, 1º âncora esportivo de mídia eletrônica do país, palestrante gratuito de Faculdades e Universidades, escrivão de polícia aposentado em classe especial, pecuarista, cafeicultor e é empresário também no ramo imobiliário.