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Milton Neves

Corinthians: o mais odiado

Milton Neves

13/06/2008 13h49

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Por Rogério Micheletti*

O meu foco verdadeiro hoje é o torcedor. Eu me lembro que nos anos 80, assim que comecei a gostar de futebol, era comum corintianos, são-paulinos e palmeirenses torcendo para o Santos, por exemplo, em uma final de campeonato. Aliás, eu testemunhei isso naquela decisão de Brasileirão de 1983. Muitos rivais "vestiram" a camisa do Peixe para torcer contra o poderoso Fla, de Zico. Entendi mais tarde que os torcedores paulistas e paulistanos torciam contra o Flamengo pelas seguintes razões: a rivalidade, no bom sentido, com o Rio, e a força do time rubro-negro e de sua torcida, uma união quase imbatível.

O Corinthians hoje me lembra um pouco aquele invejado Flamengo dos anos 80. Mas o mais estranho é que o alvinegro não tem craques excepcionais como Zico, Adílio, Andrade, Júnior, Nunes, Leandro, Mozer e companhia. Muito pelo contrário. O time atual do Corinthians não é nem 5% daquele timaço da Gávea. E, mesmo assim, o Corinthians é tão ou mais odiado do que aquele Fla. Nos últimos anos, são-paulinos, palmeirenses e santistas (e têm até botafoguenses, colorados, gremistas…) vão ao delírio a cada gol marcado por qualquer adversário corintiano. E essa euforia não diminuiu nem com a queda do rival para a Segundona do Brasileirão de 2007 (dor muito semelhante à sentida pelos palmeirenses, no Brasileiro de 2002, e pelos são-paulinos, no Paulistão de 1990). Soltar fogos e morteiros, fazer algazarras sem limites, gritar como se fosse uma conquista de Copa de Mundo, enfim, qualquer vibração exagerada parece ter um gostinho especial quando ela é feita para "alfinetar" corintianos.

A verdade é que atualmente o alvinegro do Parque _não sei se por sua torcida ou por sua grandeza, ou pelos dois motivos_ é o time mais detestado do país, mesmo estando na Série B. Para tricolores e alviverdes paulistas, principalmente, o prazer é ilimitado quando o fracasso corintiano se confirma. Tenho certeza de que os gols de Carlinhos Bala e Luciano Henrique (ou contra de Felipe?) foram tão comemorados por são-paulinos como o de Mineiro na final contra o Liverpool. Torcer contra o Corinthians é mais prazeroso do que torcer para o próprio time, tenho essa impressão. E eu não consigo encontrar uma explicação para isso. Seria ódio mesmo? Ou paixão enrustida pelo "inimigo"? Só Freud explica. Ah, e mesmo sem ser flamenguista, admito: eu tinha uma paixão enrustida pelo Fla do começo da década de 80. Como não ter?

*jornalista e um dos editores do site www.miltonneves.com.br e do programa "Terceiro Tempo" da TV Bandeirantes.

Sobre o autor

Milton Neves é jornalista profissional diplomado, publicitário, empresário, apresentador esportivo de rádio e TV, pioneiro em site esportivo no Brasil, 1º âncora esportivo de mídia eletrônica do país, palestrante gratuito de Faculdades e Universidades, escrivão de polícia aposentado em classe especial, pecuarista, cafeicultor e é empresário também no ramo imobiliário.